top of page
Fazenda de energia

FALAMOS COM...

NOTÍCIAS EM DESTAQUE

falamos
acciona

Emanuel Correia

Country Manager da ACCIONA em Portugal

acciona - Emanuel Correia.jpg

“Investigação e inovação” essenciais “para tornar a dessalinização uma alternativa cada vez mais sustentável”

“A ACCIONA é uma empresa com enorme experiência em dessalinização por osmose inversa. Foi das primeiras empresas, há cerca de 30 anos, a aplicar este tipo de tecnologia para produzir água potável a partir de água salgada e de água salobra.” Falámos com Emanuel Correia, Country Manager da ACCIONA em Portugal sobre desafios tecnológicos, eficiência energética e os atuais projetos da empresa, entre outros temas. 

As novas tecnologias são fundamentais para a evolução e eficiência do tratamento de águas. Quais os principais desafios em termos tecnológicos e de I&D que se colocam à área de negócio da água da ACCIONA? Emanuel Correia (EC): Todos os projetos em que a ACCIONA participa estão alinhados com a estratégia do Plano Diretor de Sustentabilidade, onde a descarbonização, a economia circular, o desenvolvimento de infraestruturas sustentáveis e o impacto positivo no planeta são os eixos principais. Neste sentido, as linhas estratégicas de I&D para cada uma das áreas principais (dessalinização, potabilização, depuração e reutilização) contemplam a minimização dos consumos energéticos, a utilização de energias renováveis, a recuperação e valorização dos recursos e a inovação digital. Na ACCIONA, a investigação e a inovação consideram-se chave para tornar a dessalinização uma alternativa cada vez mais sustentável (ecológica e economicamente) para obter água em tempos de escassez. Para tal, conta com um departamento de inovação apoiado no seu Centro Tecnológico da Água, localizado em Barcelona, onde existem permanentemente unidades de ensaio. Conta também com estações piloto instaladas em diversas dessalinizadoras, em particular na de São Pedro de Pinatar, em Múrcia. Nestas instalações piloto aplicam-se e validam-se as inovações desenvolvidas pelo Centro Tecnológico. É desta forma que se verifica o seu funcionamento e resultados obtidos antes de se passar a fase de implementação à escala real. Como tem sido a evolução do processo de dessalinização e que respostas vêm surgindo para aumentar a sua eficiência energética? EC: A ACCIONA é uma empresa com enorme experiência em dessalinização por osmose inversa. Foi das primeiras empresas, há cerca de 30 anos, a aplicar este tipo de tecnologia para produzir água potável a partir de água salgada e de água salobra. Naturalmente, nessa época, o consumo específico de energia para produzir um metro cúbico de água potável era superior ao que se verifica atualmente. A redução do consumo energético específico tem vindo a conseguir-se essencialmente através de quatro medidas, sendo elas a melhoria ao nível das possíveis configurações para as etapas de pré-tratamento; a melhoria da taxa de conversão das membranas; a evolução dos sistemas de recuperação de energia, que anteriormente eram mediante turbinas e hoje é feito mediante ERI (energy recovery pressure exchanger) e também à custa da melhoria do rendimento dos motores elétricos e da eficiência hidráulica das bombas de alta pressão. Atualmente já se consegue produzir água dessalinizada com consumos energéticos inferiores a 3,0 kWh/m3. A dessalinização implica a eliminação dos sais minerais existentes na água. Como é feita a gestão da salmoura proveniente deste processo pelas centrais da ACCIONA? EC: A dessalinização de água do mar é um processo que separa os sais minerais da água. Em números redondos, por cada (dois) 2m3 que entram no sistema de produção de água por osmose inversa, produz-se (um) 1m3 de água dessalinizada e (um) 1m3 de água com o dobro da concentração de sais comparativamente com a água do mar. Ultimamente, em Portugal, têm surgido algumas questões relativamente à gestão da salmoura. No entanto, a descarga da salmoura no meio recetor (mar) é tecnicamente controlável e não causa impacto no meio ambiente. Em função do local e das condições de descarga, é dimensionado o emissário com comprimento adequado e várias saídas distribuídas, fazendo com que a salmoura se disperse, misturando-se rapidamente na água do mar, reduzindo-se de imediato o gradiente de concentração de sais, não afetando o ecossistema marinho. À cerca deste assunto existem vários estudos, realizados por entidades credenciadas que demonstram que o impacto da salmoura é nulo. Como responsável da área de negócio da água da ACCIONA Portugal, como vê o futuro do tratamento da água no país, no contexto da emergência climática? EC: A emergência climática obriga naturalmente a repensar a forma como as águas são tratadas, atendendo a uma escassez cada vez maior deste bem. Nas zonas de maior escassez, é evidente que o reaproveitamento das águas residuais tratadas tem de ser uma prioridade. Não faz sentido não aproveitar estas águas, após o devido tratamento para usá-las em fins compatíveis. Várias empresas públicas estão já a desenvolver os estudos necessários e a lançar os respetivos concursos para implementarem soluções de tratamento e aproveitamento destas águas. Nos últimos anos, a água passou a ser vista como um produto financeiro. Como vê a negociação deste recurso em bolsa? EC: É uma situação ainda bastante recente e localizada. A água é um bem essencial e deve estar disponível para todos. Eventualmente nalgumas regiões do mundo onde se verifiquem períodos de seca cada vez mais longos e que esteja implementada localmente uma cultura de uso de água intensiva (agricultura, indústria) possa fazer algum sentido assegurar o preço futuro da água. Pessoalmente penso que este não será o caminho mais correto. Cada região, cada país tem as suas necessidades de água e está sujeito a condições ambientais especificas e políticas. Cabe a cada região implementar as melhores práticas de utilização deste recurso, incentivando ao seu uso cada vez mais eficiente e sustentável, coisa que o mercado de futuros não faz. A ACCIONA tem como objetivos estratégicos a sustentabilidade e o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 das Nações Unidas. Acredita que o consumidor português compartilha e valoriza esta sensibilidade ambiental da empresa? EC: O pequeno consumidor ou o consumidor doméstico penso que ainda não valoriza estes objetivos, mas os grandes consumidores industriais seguramente que sim. Estas empresas partilham destes objetivos e o uso sustentável da água é cada vez mais uma maior preocupação para os grandes consumidores. Ainda neste âmbito, o que pretendem quando se referem a “bom uso, conservação e renovação da água”? EC: Referimo-nos exatamente ao uso equilibrado e racional deste recurso, reutilizando-o sempre que possível, mantendo o foco na procura de soluções que otimizem a eficiência da sua utilização. Que conselho daria às indústrias portuguesas que ainda utilizam quantidades consideráveis de água nos seus processos produtivos? EC: Muitas das indústrias, em particular as de maior dimensão, estão já a estudar quer formas de reduzir os consumos, quer a possibilidade de reutilizar parte da água usada nos seus processos. As indústrias portuguesas que mais consomem água no seu processo produtivo estão preocupadas com a sustentabilidade do recurso e com a forma como usam esse recurso. Não é aceitável que no mundo empresarial se continue a extrair água dos aquíferos quando existe viabilidade de estudar e implementar a reutilização de parte da água consumida. As empresas que valorizam o recurso, que procuram fontes de água alternativa, que aplicam políticas e esforços de redução dos consumos são economicamente mais valorizadas pelos seus acionistas A terminar, pode falar-nos dos atuais projetos e objetivos da área de negócio da água da ACCIONA em Portugal? EC: A área de negócio da água da ACCIONA está presente em Portugal desde 1998, apresentando soluções sustentáveis para todas as etapas do ciclo da água. O crescimento e posicionamento no mercado português tem sido consistente e a um ritmo que nos permite a estabilidade e viabilidade da empresa. A ACCIONA pretende ser uma referência nacional no que diz respeito à gestão do ciclo da água. Ser referência significa estar presente nos projetos emblemáticos e inovadores ao nível dos tratamentos e soluções propostas. Um dos maiores projetos que temos em curso atualmente, com a Águas do Algarve, é a operação e manutenção de todo o sistema de saneamento da zona nascente do Algarve, que engloba cerca de 44 ETAR e 72 estações de bombagem. Outro projeto bastante interessante que temos em curso é a construção da nova ETAR de Troia que utiliza a tecnologia MBR (membrane bioreactor) para que toda a água tratada possa ser reutilizada na rega dos espaços verdes e campos de golf desta península. No que diz respeito a projetos futuros estamos muito focados na área da dessalinização, que irá arrancar em Portugal continental brevemente, e também nos projetos de reutilização de água residual.

diretores

Diretores da ENERH2O

Número de expositores na ENERH20 supera os objetivos iniciais

O número de expositores e a área expositiva da ENERH2O já ultrapassou os objetivos traçados inicialmente pelos organizadores, as empresas On Events e PROFEI. Sobre esta aposta e os principais destaques da primeira edição, falamos com Filipe Gomes e Juli Simon Millet, diretores da ENERH20, numa entrevista conjunta. Estamos a poucas semanas da primeira edição da ENERH2O. Como surgiu a ideia de organizar uma feira sobre tecnologias da água e energias renováveis em Portugal? Filipe Gomes (FG): Havia no setor específico das feiras profissionais, uma lacuna no mercado em termos de abordagem sistematizada e transversal para os desafios da transição energética. Embora existam conferências e eventos, não têm a mesma dimensão, o mesmo posicionamento e não exploram as sinergias resultantes da junção do setor da água e das energias renováveis. Se a isso acrescentarmos uma procura efetiva, principalmente industrial, estavam reunidas as condições de base que um breve estudo de mercado e análise mais aprofundada veio a validar. Juli Simon Millet (JSM): Foi uma combinação de vários elementos. A emergência climática é uma questão que me preocupa muito. Está a tornar-se cada vez mais percetível no nosso presente, mas enquanto sociedade ainda não estamos verdadeiramente conscientes das reais dimensões do problema. Esta situação pessoal, aliada ao potencial geográfico e climático que Portugal tem para a mudança de energias fósseis para energias renováveis e para o avanço tecnológico no tratamento da água, e à falta de feiras do setor no país, fez com que a ideia surgisse naturalmente. Esta é a primeira feira que conta com a organização conjunta da empresa portuguesa On Events e da empresa espanhola PROFEI, ambas especializadas na realização deste tipo de eventos. Como está a ser esta experiência? (FG): Existia já um conhecimento mútuo antigo e de confiança dos responsáveis de cada empresa, do seu histórico, visão, cultura e princípios, o que facilita qualquer parceria, que neste caso ganhou dimensão ibérica e, por maioria de razão, internacional. O resultado alcançado em todas as vertentes, atestam das virtudes da mesma. (JSM): Muito boa. A comunicação e a coordenação estão a decorrer sem problemas para um primeiro evento que estamos a organizar em conjunto. Há coisas a melhorar para o próximo ano, como em todo o lado, mas a simbiose destas duas empresas permite-nos trabalhar os mercados português e espanhol a 100% das nossas faculdades. A ENERH2O é um certame especializado, que abrange um conjunto diversificado de áreas. A que profissionais se destina? (FG): Embora seja uma feira de nicho e especializada, de natureza B2B, é nosso propósito que seja o ponto de encontro dos profissionais do setor que venham à procura de soluções, serviços, equipamentos e tecnologia do setor da água e energias renováveis. (JSM): A ENERH2O é um evento B2B e foram os próprios expositores que priorizaram a tipologia de profissionais que desejam ver no evento, assim como os agentes setoriais com quem temos acordos. A feira destina-se a um vasto leque de profissionais que trabalham ou investem nas energias renováveis e nas tecnologias da água: desde profissionais da administração pública, arquitetos e profissionais da construção, até consultores e industriais. Temos como prioridade a captar a visita de profissionais responsáveis pela instalação de equipamentos de energias renováveis, bem como de instaladores e representantes de empresas de abastecimento, saneamento e distribuição de água. Damos ainda destaque às engenharias, porque desempenham um papel muito importante para os nossos expositores, assim como empresas industriais que têm de investir em ambos os setores (água e energias renováveis). O evento é uma novidade no calendário de feiras em Portugal. De que forma têm reagido e respondido as empresas portuguesas e internacionais ao convite para participarem na ENERH2O? E no que se refere aos agentes setoriais? (FG): A resposta foi muito positiva se tivermos em conta que se trata de uma primeira edição, que terá mais de 50 expositores diretos, mais de 2000 m2 de mostra, dois dias repletos de conferências com a presença de oradores de renome nacional e internacional. Por outro lado, tivemos o apoio das principais associações setoriais, sendo que a procura, que tem sido crescente, dá-nos a confiança que será uma feira com networking e negócio. (JSM): Está a ter uma resposta melhor do que o previsto. Como esta é a primeira edição, é muito difícil conseguir qualidade e quantidade. Mas a resposta tem sido muito boa e temos mais expositores do que o esperado e de grande importância tecnológica e comercial. O facto de ser a única feira de energias renováveis e tratamento de águas do país contribuiu para que a resposta fosse tão positiva. O potencial de Portugal nestes setores é enorme, o que nos dá confiança para acreditar que a feira vai crescer e tornar-se um ponto de encontro de empresas e profissionais do setor, nacionais e internacionais. É de realçar que, desde o início, a ENERH2O tornou-se numa feira com uma grande presença de empresas internacionais, ao ponto de cerca de metade dos expositores não serem portugueses. A ENERH2O pretende ser uma importante montra, tanto na área das tecnologias da água, como das energias renováveis. Que oferta vão poder encontrar os visitantes? (FG): Estruturada nos dois setores referidos, as soluções fotovoltaicas e de autoconsumo dominam essa área, sendo no caso da água mais transversal e abrangente. Recomendo uma consulta do site (www.enerh2o.com), que permite ao visitante pesquisar por interesse e produto em exposição, o que facilita muito a visita em si. (JSM): Esta primeira edição da ENERH2O é dominada pelo setor fotovoltaico, de autoconsumo e de armazenamento de energia, uma vez que este é o que está mais presente a nível comercial e no quotidiano das energias renováveis. No setor da água temos uma representação mais diversificada: tratamento de água (purificação, dessalinização, potabilização, etc.); abastecimento, recolha, transporte e armazenamento de água; e também tudo o que está relacionado com o setor agrícola (irrigação, secas, contaminação, etc.). Finalmente, temos ainda uma oferta muito interessante e destacável em setores como o hidrogénio, o biogás ou as tecnologias de monitorização, e que são muito importantes para o futuro. Em eventos profissionais como este, é indispensável dar espaço também à informação e ao debate de aspetos técnicos. O que destacariam do programa de conferências da ENERH2O 2023? (FG): O conhecimento e a partilha de informação assumem um caráter fundamental nas feiras profissionais, pelo que desenhámos o evento com esse pressuposto de base, mantendo por exemplo as salas de conferência no mesmo espaço da exposição, para facilitar a vida ao profissional e permitir maior interação entre os dois agentes chave que são o expositor e o visitante. As duas salas estarão preenchidas de manhã até ao final da feira, com conferências da nossa responsabilidade, dos parceiros institucionais e das empresas, num equilíbrio que se traduz numa oferta atual, diversificada e qualificada quanto ao modelo e tipo de intervenção de cada um dos intervenientes. O programa, que é um claro atrativo da ENERH2O, encontra se atualizado no site. (JSM): Na minha opinião, a qualidade dos oradores e das conferências é tão importante como a qualidade dos expositores e dos visitantes. Quando se aborda setores em constante evolução tecnológica, que têm elevados investimentos financeiros na investigação científica, é importante manter as áreas comerciais informadas sobre estes avanços e descobertas. Por esta razão, tentámos encontrar um equilíbrio para ter conferências de qualidade, de um ponto de vista comercial (por parte dos próprios expositores), de um social (por parte das associações) e de outro académico (em que cientistas de relevo apresentam como as grandes descobertas da investigação científica poderão ser mais tarde aplicadas à nossa vida quotidiana). Para dar um exemplo, um professor da École Normale Supérieure de Paris e diretor de investigação do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) vai explicar como gerar eletricidade a partir do encontro entre correntes de água salgada e de água doce, e como esta descoberta científica foi aplicada, do ponto de vista tecnológico, para ser possível construir uma central elétrica que fornece eletricidade a uma cidade inteira. Estou muito orgulhoso do programa de conferências que elaborámos e penso que será uma grande atração para todo o tipo de profissionais. Tal como em outros setores, também para quem está nesta área da organização de feiras, é essencial a medição e avaliação de resultados e para isso há que traçar objetivos. Quais os principais objetivos que definiram para esta primeira edição, em termos quantitativos e qualitativos? (FG): Do ponto de vista quantitativo, ultrapassámos a meta do número de expositores e de área expositiva estipulada, sendo de esperar o mesmo no que toca ao número de visitantes profissionais. É para nós fundamental, o lastro que podemos deixar, e o contributo à nossa escala, para acelerar o processo de transição energética e principalmente a adoção de medidas e investimentos que os agentes económicos podem levar a cabo para serem mais eficientes e reduzirem a sua pegada ecológica (JSM): Um dos principais objetivos já foi alcançado, que era o de encontrar pelo menos 40 expositores de qualidade, e já ultrapassámos largamente este número. O segundo, igualmente importante, é o estabelecimento de acordos de colaboração com os principais agentes setoriais e revistas técnicas especializadas. Temos acordos com a APEMETA, APRH, AIPOR, NET4CO2 e TECHSOLIDS, e com as principais revistas setoriais Energias Renováveis, O Instalador, Indústria e Ambiente, entre outras. Por último, é fundamental que a qualidade e a quantidade de visitantes corresponda aos nossos objetivos. Acreditamos que se, no mínimo, 2000 profissionais visitarem a feira, visitantes de qualidade para expositores e indústria, o sucesso estará garantido e o evento começará a crescer consideravelmente a partir da próxima edição. Estamos a trabalhar arduamente para fazer chegar a informação e os convites aos profissionais certos. A terminar, uma palavra para os profissionais interessados em tecnologias da água e/ou das energias renováveis que ainda não sabem se vão visitar a ENERH2O. O que lhes diria como incentivo para não perderem este evento? (FG): Que é uma oportunidade a não perder, pela excelente oferta em exposição. Por outro lado, a ENERH2O está desenhada enquanto feira especializada para que o visitante não se disperse e tenha uma visita mais proveitosa e focada. Motivos não faltam! (JSM): Que não devem pensar duas vezes. Que a visita será positiva, tanto a nível profissional, como a nível de aprendizagem. Que vão conseguir contactos na feira que abrirão portas a novos projetos, indústrias, empresas e produtos.

claudio monteiro_.jpg

Cláudio Monteiro

Professor do Departamento de Engenharia Eletrónica da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

“Poucos (…) compreendem as profundas consequências” de não haver sucesso na transição energética

 

Os consumidores e decisores políticos em Portugal estão sensibilizados quanto à
“necessidade urgente de substituir as energias fósseis por fontes renováveis”,
considera Cláudio Monteiro, Professor na Faculdade de Engenharia da Universidade do
Porto. Contudo, para o especialista, “a consciência plena só surgirá quando
começarmos a sentir as consequências diretas da inação”.

As Nações Unidas declararam 2020-2030 como a “Década de Ação”, para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Acha que as empresas portuguesas estão sensibilizadas para a necessidade de incluir os ODS nas suas atividades? Cláudio Monteiro (CM): Há uma crescente sensibilização das empresas para a importância da inclusão dos ODS em suas atividades. É cada vez mais comum ver notícias sobre empresas portuguesas que têm adotado práticas sustentáveis, como a implementação de energias renováveis, a redução do consumo de recursos naturais, a adoção de políticas de responsabilidade social corporativa e a promoção da igualdade de género no ambiente de trabalho. No que respeita à energia limpa, essa sensibilidade é mais evidente, impulsionada pela própria viabilidade económica das soluções, mas também pela política nacional favorável e em alinhamento estratégico com o setor. Em relação aos outros ODS, as iniciativas surgem muitas vezes motivadas por questões de imagem ou por obrigações impostas. Em setores industriais que já enfrentam dificuldades competitivas, a adoção dos ODS pode ser mais desafiadora, especialmente quando não há vantagens económicas diretas ou indiretas associadas. Ainda existem muitas indústrias portuguesas que continuam a resistir na utilização de energias renováveis nas suas fábricas. Qual a razão para esta situação e o que lhes aconselharia? CM: Acredito que sejam poucos os casos em que isso acontece. Tipicamente, são casos de empresas cujas condições de instalação ou perfis de consumo não são adequados para a adoção de energias renováveis. Além disso, pode haver situações em que as empresas priorizam investimentos nas atividades produtivas em vez de investir nas vantagens de preço da energia fotovoltaica. Quando uma empresa instala sistemas fotovoltaicos, está, na verdade, a adquirir eletricidade barata e limpa para os próximos 25 anos, com a garantia de que o preço dessa eletricidade se manterá nesse horizonte futuro. Essa é uma grande motivação para empresas que possuam uma gestão estratégica de médio e longo prazo. Além disso, a motivação ambiental também desempenha um papel importante, para o qual os gestores estão cada vez mais sensíveis. Entre as muitas possibilidades, qual o tipo de energia renovável que acredita vir a poder ser mais utilizada no futuro pela indústria? CM: Na indústria, temos dois vetores energéticos principais: eletricidade e geração de calor. Para a geração de calor, a transição para energias limpas é mais desafiadora. Uma opção viável é a utilização da biomassa como fonte renovável, embora poucas indústrias tenham essa opção disponível em seus processos. Também é possível considerar o uso de gases renováveis, como o hidrogênio verde, mas essas soluções geralmente envolvem a transformação de energia proveniente de eletricidade verde. No vetor da eletricidade, existem diversas possibilidades. Atualmente, qualquer indústria consome, pelo menos, 50% de energia proveniente de fontes renováveis, através da eletricidade da rede elétrica. No que diz respeito à eletricidade autoproduzida, a fonte de energia mais acessível, seja do ponto de vista técnico ou económico, é sem dúvida a produção fotovoltaica. Embora seja possível explorar recursos eólicos ou hídricos localmente, isso é viável apenas em casos muito específicos. A transição tem de ser feita e é urgente. Acha que existe suficiente consciência social em Portugal quanto à necessidade de substituir as energias fósseis por renováveis? CM: Acredito que existe essa sensibilização, tanto por parte dos consumidores quanto pelos decisores políticos, quanto à necessidade urgente de substituir as energias fósseis por fontes renováveis. No entanto, é importante distinguir entre 'sensibilização' e 'consciência das consequências'. Embora haja uma crescente sensibilização, poucos de nós realmente compreendem as profundas consequências caso não tenhamos sucesso nessa transição. Essa consciência plena só surgirá quando começarmos a sentir as consequências diretas da inação. Quando pensa que vamos conseguir atingir o autoconsumo absoluto de renováveis no país? CM: Acredito que poderemos ter o primeiro ano com um balanço médio de 90% de eletricidade proveniente de fontes renováveis por volta de 2040. Com planos e recursos de instalação adequados, e agilizando os processos de licenciamento, acredito que podemos alcançar um aumento de 10% a cada 5 anos, o dobro da tendência da última década. No entanto, atingir 100% de produção com fontes renováveis não se resume apenas a instalar mais capacidade de produção renovável. É necessário um reforço muito significativo da rede elétrica e a criação de novas infraestruturas de armazenamento, as quais necessitam tecnologias que ainda não existem. Conforme avançamos e saturamos o sistema com energias renováveis, o progresso torna-se tecnicamente cada vez mais difícil, caro e enfrentará uma cada vez maior oposição das populações. Acredito que será difícil alcançar os 100% antes de 2050, a menos que surjam tecnologias completamente disruptivas. Estabelecer metas é uma tarefa relativamente simples, mas garantir o crescimento sustentável do setor e manter a sua viabilidade econômica é um desafio que neste caso me parece quase impossível. Falemos da taxa de retorno energético. Em que consiste e que implicações tem no consumo de energias renováveis? CM: A taxa de retorno energético refere-se à relação entre a quantidade de energia obtida de um sistema de energia ao longo do seu tempo de vida e a quantidade de energia gasta para fabricar esse sistema. É uma métrica importante para garantir a viabilidade das tecnologias, sendo desejável que a energia líquida produzida seja significativamente maior do que a energia consumida para obter o sistema. A taxa de retorno energético é especialmente relevante ao avaliar tecnologias imaturas que utilizam materiais e processos energeticamente intensivos no seu fabrico. Em relação às novas tecnologias de armazenamento e algumas tecnologias baseadas em fontes de biomassa, os indicadores ainda não são muito convincentes em termos de taxa de retorno energético. No entanto, na maioria das tecnologias renováveis maduras, incluindo a energia fotovoltaica, a taxa de retorno energético está mais do que garantida. As próprias alterações climáticas têm impacto na produção de energias renováveis. Julga que podem impedir o fornecimento ininterrupto destas energias? CM: A alteração climática pode ter um impacto importante na fonte de energia hídrica, mas nas restantes fontes esse impacto não será tão significativo. No entanto, a meteorologia é um fator incontrolável que afeta a produção e a variabilidade das energias renováveis. Devido a essa variabilidade, não é possível garantir um fornecimento ininterrupto de energia renovável. Para mitigar o problema da variabilidade, é necessário recorrer ao armazenamento de energia e ao dimensionamento excessivo da capacidade dos sistemas. Isso envolve armazenar o excesso de energia para uso durante períodos de défice ou, com o sobredimensionamento, garantir valores mínimos de produção reduzindo o fator de capacidade das centrais. No entanto, essas soluções implicam custos adicionais à produção de eletricidade, especialmente quando o sistema está saturado com uma cada vez mais elevada penetração de energias renováveis. Por essa razão, a meta de atingir 100% de energia renovável é difícil de alcançar. A ciência tem sido essencial para encontrar novas soluções. Quais os grandes desafios científicos que vão trazer as energias renováveis? CM: São diversas as áreas de investigação que podem ser importantes para o avanço das energias renováveis. Em primeiro lugar, destaca-se o desenvolvimento de tecnologias de produção e armazenamento. No âmbito das tecnologias de produção, é crucial avançar no desenvolvimento de tecnologias de energia eólica offshore, assim como em tecnologias fotovoltaicas mais eficientes e baratas. No campo das tecnologias de armazenamento, há um notável progresso na criação de diferentes tipos de baterias, tornando-as cada vez mais acessíveis. Além disso, o vetor energético do hidrogénio parece desempenhar um papel essencial no armazenamento e como complemento energético à eletricidade. No que diz respeito à gestão da rede elétrica, existem desafios importantes que serão abordados através da otimização por meio de uma gestão inteligente e do uso extensivo de informações e digitalização. No entanto, acredito que as maiores pressões para a transformação dos sistemas elétricos surgirão do lado do consumo. O autoconsumo impulsionará uma transformação tecnológica, organizacional e económica em todo o setor. Será através de um maior envolvimento dos consumidores e da adoção de soluções de autoconsumo que ocorrerá uma verdadeira mudança nos sistemas elétricos. De que forma pode a academia em Portugal contribuir para a inovação nesta área e trazer novos conhecimentos? CM: A academia desempenha um papel importante em três níveis distintos. Em primeiro lugar, na formação de capacidade técnica para impulsionar o desenvolvimento das infraestruturas necessárias. Dado o enorme volume de trabalho, é crucial contar com recursos humanos capacitados para enfrentar esse desafio. Em segundo lugar, é necessário o desenvolvimento de novas tecnologias e processos de gestão da rede, bem como um trabalho significativo de adaptação técnica das infraestruturas. Tudo isso requer investigação, desenvolvimento tecnológico e serviços adequados para enfrentar esses desafios. Por fim, será necessário criar um novo tecido empresarial baseado em empresas inovadoras, capazes de promover uma transformação tecnológica no setor. A formação dos jovens de hoje é muito importante para o futuro. Acha que os seus alunos na Faculdade de Engenharia são uma esperança para a mudança nos hábitos de consumo energético? CM: A formação dos nossos alunos de engenharia eletrotécnica é bastante abrangente, cobrindo todas as vertentes dos sistemas de energia, bem como as áreas de automação, comunicações e computação. Nos últimos anos, temos dado uma ênfase especial em formar os nossos estudantes com uma forte ligação ao ambiente empresarial, incentivando um elevado espírito crítico e estimulando-os a encontrar soluções originais que agreguem valor à engenharia convencional. No que diz respeito à visão de desenvolvimento sustentável, a FEUP (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto) está a desenvolver um programa abrangente de "Ensino da Engenharia para o Desenvolvimento Sustentável", no qual os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são abordados e integrados de forma transversal em todos os cursos e unidades curriculares. Dessa forma, estamos efetivamente a formar engenheiros motivados e capacitados para enfrentar o enorme desafio da transição energética. É importante destacar que, além das competências técnicas, procuramos desenvolver nos nossos alunos uma consciência crítica em relação às questões ambientais e sociais. Estimulamos o pensamento criativo e a busca por soluções inovadoras que considerem a sustentabilidade e promovam um impacto positivo na sociedade A ENERH2O realiza-se já no próximo mês de setembro. Em que medida são importantes eventos como este? CM: Como objetivo principal, estas conferências fornecem um espaço de encontro para especialistas, académicos, profissionais, empresas e outras partes interessadas discutirem os mais recentes avanços, tendências e desafios nessas áreas específicas. Para mim, enquanto académico, estas conferências representam uma excelente oportunidade de partilhar a minha visão especializada com profissionais e empresas. No entanto, mais importante do que partilhar, é ter a oportunidade de ouvir os desafios e dificuldades enfrentados pelo setor. Isso proporciona-me uma base sólida de compreensão e motivação para estudar soluções para os problemas reais que o setor atualmente enfrenta ou enfrentará no futuro. Como professor e investigador, o que gostaria de ver tratado num evento especializado em energias renováveis e tecnologia da água, como é o caso da ENERH2O? CM: Pelo que conheço do programa, acredito que terei a oportunidade de ver tratados muitos dos temas relevantes para os setores de energias renováveis e tecnologias da água. No entanto, para combinar ambos os temas, considero interessante discutir os desafios de longo prazo da dessalinização com energias renováveis, os riscos de gestão da água para a produção massiva de H2, e também a gestão sustentável dos recursos hidroelétricos a longo prazo na península ibérica. Do ponto de vista pessoal, gostaria de ver abordada a questão da agilização dos processos burocráticos e de licenciamento para Comunidades de Energias Renováveis. Acredito que é responsabilidade do Estado criar as condições para que o desenvolvimento de soluções sustentáveis ocorra, devendo ser este o principal facilitador de processos.

Carlos Iglézias

Presidente da APEMETA
Associação Portuguesa de Empresas de Tecnologias Ambientais

Carlos Iglézias  Presidente da APEMETA Associação Portuguesa de Empresas de Tecnologias Ambientais

Inteligência artificial “pode ser particularmente útil na gestão de infraestruturas”


Os desafios tecnológicos na gestão da água e o papel que pode ter a inteligência artificial são temas de uma entrevista com Carlos Iglézias, Presidente da APEMETA. Falamos ainda das oportunidades do Plano de Resiliência e Recuperação (PRR), dos objetivos da associação e da sua participação na ENERH2O, entre outros temas.

Com períodos de seca cada vez mais comuns e de longa duração torna-se indispensável gerir eficazmente os recursos hídricos. Quais são os principais desafios tecnológicos que se colocam à gestão da água em Portugal? Carlos Iglézias (CI): O desenvolvimento, e sobretudo a sua aplicação prática, de soluções que permitam a redução das perdas na armazenagem e distribuição, a redução dos consumos energéticos associados à distribuição e a monitorização da utilização são questões que deverão, cada vez mais, ser objeto de investimento na procura de respostas à redução das perdas e ao combate ao consumo indevido. O conhecimento das redes, e neste conhecimento incluo não só o conhecimento de meios materiais, mas também dos seus utilizadores/beneficiários, e a sua monitorização é fundamental para uma operação eficiente. Neste contexto, a Inteligência Artificial tem espaço de aplicação que a escassez do recurso água, face às necessidades crescentes, vai viabilizar. A gestão hídrica e as energias renováveis fazem parte do PRR. Acha que existe uma visão verdadeiramente estratégica para esta área? CI: Portugal, membro da União Europeia (UE), tem objetivos claros relativamente às metas e indicadores a alcançar no curto e médio prazo. O PRR prevê 390 milhões de euros para a gestão hídrica, dos quais 200 milhões só para o plano regional de eficiência hídrica do Algarve, região particularmente afetada pela redução da precipitação média anual. Nas energias renováveis, que inclui o hidrogénio verde, estão previstos investimentos no valor de 370 M€. São valores enormes que, se concretizados, terão enorme impacto nos respetivos indicadores que, para além dos definidos pela UE, o governo definiu como estratégia de valorização dos recursos naturais que temos à disposição, mar, sol e vento. A grande questão, que será respondida no curto prazo, com o encerramento do PRR, é saber se Portugal consegue realizar estes investimentos nos valores e prazos previstos. Quais as oportunidades e que expetativas tem do PRR para o setor? CI: Como já amplamente divulgado, os grandes projetos e respetivos apoios estão dirigidos a entidades públicas, beneficiando as empresas privadas ativas nestes setores dos contratos que conseguirem firmar, à luz do código de contratação pública, em concorrência direta com empresas estrangeiras, que ultrapassam muitas vezes as empresas portuguesas, ficando as empresas portuguesas como subcontratadas. É certo que com os anunciados apoios financeiros, associados às áreas da descarbonização da indústria e eficiência energética em edifícios, se sentiu uma maior atividade nas empresas ativas nestas áreas, fruto dos apoios financeiros disponíveis e do impacto imediato na redução das faturas de energia, que aumentaram brutalmente durante o ano de 2022 por razões conhecidas, pese embora o atraso na comunicação das decisões sobre cada uma das candidaturas e da receção dos apoios financeiros em caso de aprovação por parte do Fundo Ambiental. Nos últimos anos, a água passou a ser vista como um produto financeiro. O que pensa deste recurso ser negociado como commodity? CI: A mercantilização da água é um passo sobre o qual deveremos refletir profundamente, onde, como e quando. É um bem essencial à vida, como o ar que respiramos, e incontornável na agricultura, porque essencial, como o é também na indústria, nas florestas, nas atividades de lazer. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, adotada por todos os Estados-Membros das Nações Unidas em 2015, e que entrou oficialmente em vigor em 2016, define as prioridades e aspirações do desenvolvimento sustentável global para 2030 e um destes objetivos, o sexto, é “água potável e saneamento”. Este objetivo, acesso a água potável e saneamento, é um dos pilares considerados imprescindíveis para o desenvolvimento sustentável da população mundial e como tal, à luz da Carta das Nações Unidas, um direito. Tenho enormes dúvidas como este direito coincide com o conceito deste recurso ser negociado como commodity, no seu todo, uma coisa é a necessária sustentabilidade deste recurso e a sua valorização e outra a mercantilização associada ao conceito de commodity para tudo e todos. Fala-se cada vez mais de Inteligência Artificial e da sua influência em várias atividades. De que forma pode ser aplicada pelas empresas de tecnologias ambientais? CI: A Inteligência Artificial é uma ferramenta que pode ser particularmente útil na gestão de infraestruturas, pela rapidez com que pode sugerir ou mesmo acionar medidas mitigadoras ou preventivas de ações ou atividades que ponham em causa o bom funcionamento das mesmas. A sua aplicação e o valor que poderá acrescentar depende do conhecimento das infraestruturas e/ou âmbitos de intervenção. Sem conhecimento e medição não é possível gerir, e a aplicação da Inteligência Artificial está dependente do conhecimento prévio, a partir do qual extrapola ações que por sua vez irão constituir acervo para futuras ações, constituindo um ciclo, que se pretende virtuoso, suportado em conhecimento, de ações e impacto das mesmas. Olhemos para a APEMETA, que existe há mais de 30 anos. Quais são os seus principais objetivos? CI: A APEMETA é uma associação sem fins lucrativos, com estatuto de utilidade pública e de organização não governamental de ambiente, constituída com o objetivo de promover a análise, o estudo e o desenvolvimento de ações que visem a defesa do ambiente e, simultaneamente, proporcionar o desenvolvimento dos associados nesta área. Como se formaliza no dia a dia este objetivo? Promovendo a recolha, desenvolvimento, permuta e divulgação de conhecimentos e experiências na área do ambiente, através de ações de consultoria, formação, seminários, encontros empresariais, missões no estrangeiro e reversas, onde participam stakeholders estrangeiros que vêm conhecer realidades e competências de realização portuguesas que podem ser reproduzidas em outras geografias, criando redes com associações congéneres pelos cinco continentes, que facilitem o conhecimento de mercados e o respetivo acesso às empresas portuguesas. A informação de mercados externos e coletâneas de legislação ambiental de diversos países faz parte do acervo documental da associação e está disponível para as empresas interessadas. Visitem-nos em www.apemeta.pt onde poderão encontrar a informação disponível à distância de um clique. A associação representa mais de 200 empresas. Fale-nos um pouco das associadas e das suas atuais preocupações? CI: As empresas associadas da APEMETA ativas nos setores do ambiente, resíduos, energia e águas, algumas cobrindo todos estes setores, são maioritariamente PME, que atualmente estão particularmente preocupadas com o atual atraso do “Portugal 2030” e com a evolução dos valores da inflação. Não podemos esquecer que este programa plurianual de apoio, que fixou os grandes objetivos estratégicos para aplicação entre 2021 e 2027, com o montante global de 23 mil milhões de euros, parte dos quais, através dos Programa Temático Compete 2030 e Regionais destinados ao apoio ao investimento produtivo e internacionalização do setor empresarial, só em maio de 2023 publicou os primeiros avisos que permitirão às empresas candidatar-se aos apoios financeiros. Este atraso refletiu-se negativamente em muitos investimentos, que foram adiados por falta de liquidez financeira das empresas, que sofreram dificuldades emergentes do combate à situação epidemiológica COVID-19, em 2020 e 2021, e da invasão pelo exército russo da Ucrânia, em fevereiro de 2022, com enormes consequências no custo e disponibilidade de matérias-primas, componentes e energia. De que forma estas preocupações estão relacionadas com a necessidade de alterações regulamentares e quais as exigências da APEMETA perante os legisladores e o Governo? CI: As preocupações com o “arranque” do Portugal 2030 e a inflação são reais e o que o setor empresarial anseia é o rápido arranque dos diversos programas dirigidos ao setor empresarial e o cumprimento dos prazos previstos na legislação e avisos já publicados, sendo incontornável, para que isso aconteça, que as diversas equipas executivas dos programas financiadores sejam providas dos necessários meios técnicos e humanos. Quanto ao problema da inflação, estamos conscientes que o grau de dependência de fornecimentos externos na atividade do setor é relevante e que a inflação importada só pode ser combatida com inovação e melhoria de produtividade, o que nos exige investimento, que estou certo merecerá o apoio do Portugal 2030. A APEMETA vai estar na ENERH2O 2023. Como será a sua participação na feira? CI: Estaremos presentes com um stand e, no contexto deste evento, a 28 de setembro, promoveremos o workshop ”Water2Business”. Cremos que será mais um contributo para a dinamização do setor e de atração deste evento. Em que medida eventos como a ENERH2O são necessários e podem contribuir para o setor? CI: Este evento ao proporcionar o encontro direto entre os diversos atores que constituem o universo água e energia, como outros com objetivos semelhantes, contarão sempre com o apoio da APEMETA, por se inserirem nos objetivos estatutários da associação de promover a divulgação do conhecimento e tecnologias nas áreas do ambiente e energia. É importante criar espaços de debate e de encontro entre a oferta e a procura, que dinamizem o mercado e, sobretudo, a rápida resposta aos desafios que são colocados pelas alterações climáticas e, simultaneamente, pela sustentabilidade das soluções.

Jorge Cardoso Gonçalves.jpg

Jorge Cardoso Gonçalves

Presidente da APRH – Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos

“A gestão da água deverá assentar numa visão integrada”

Uma visão integrada que considere desafios ambientais, demográficos, sociais,
económicos, territoriais e climáticos é necessária na gestão da água, segundo Jorge
Cardoso, Presidente da APRH. Em entrevista à ENERH2O Notícias, refere ainda que é
preciso repensar a forma como usamos este recurso e promover a “educação para a
água”.

Nos últimos anos, as situações de seca severa e extrema têm sido cada vez mais habituais em Portugal continental, assim como em muitas outras partes do mundo. Neste contexto, podemos afirmar que a água é o recurso mais afetado pelas alterações climáticas? Jorge Cardoso (JC): Globalmente, têm sido diversos os alertas sobre a “crise da água”. Uma evolução não planeada, uma gestão não adaptativa e um contexto desfavorável, poderão acentuar o desequilíbrio entre necessidades (procura) e disponibilidades (oferta), aumentando a pressão sobre os recursos e precipitando uma “crise da água” em Portugal, na Europa e no Mundo. A gestão da água, recurso particularmente vulnerável em contexto de adaptação climática, deverá assentar numa visão integrada, considerando desafios ambientais, demográficos, sociais, económicos, territoriais e climáticos. Com a crescente escassez de água, importa promover uma utilização eficiente a todos os níveis. Na sua opinião, os consumidores portugueses estão sensibilizados e fazem um uso adequado deste recurso? O que pode e deve ser feito para melhorar? JC: Por vezes, apenas em cenários de escassez se reconhece o “valor da água”. Quantas vezes abrimos a torneira e não tivemos água? Portugal está globalmente infraestruturado com redes de abastecimento de água e a percentagem de água segura em Portugal Continental é de cerca de 99%, considerado um valor de excelência: sabemos quanto vale esse acesso a água segura, em termos de saúde pública, de igualdade e de justiça? Existe a necessidade de repensar a forma como usamos a água e de promover a “educação para água”. A redução do consumo de água nas habitações tem uma componente comportamental e outra infraestrutural. Poderá passar pelas nossas escolhas e pela adequação dos nossos hábitos, com pequenos cuidados no nosso quotidiano. Nos sistemas prediais de distribuição de água, deverá procurar-se combater as ineficiências hídricas e energéticas, adequar os sistemas construídos, reduzir o consumo de água potável e escolher equipamentos tendo em conta a sua eficiência hídrica. No atual cenário, acha que os recursos hídricos disponíveis são suficientes para garantir a sustentabilidade do nosso sistema de abastecimento de água e fazer face às necessidades? JC: Em Portugal, à exceção de situações pontuais, o abastecimento urbano encontra-se estruturado e existem infraestruturas que, sendo geridas de forma robusta, asseguram que a seca não chega às nossas torneiras. No entanto, existe a necessidade de repensar a forma como usamos a água e de promover a “educação para a água”. As mensagens “viver com menos água” e “viver com outra água” (não potável para usos compatíveis) deverão chegar às pessoas. A estratégia poderá passar por repensar a forma como usamos a água (preservar o recurso a partir da nossa torneira), por reduzir as perdas de água nos sistemas urbanos, na indústria e na agricultura e por reutilizar as águas residuais para fins não potáveis, por aproveitar as águas pluviais e/ou promover a sua infiltração, por explorar e apostar (com viabilidade económica e ambiental) em novas origens (por exemplo, o mar), por encurtar as cadeias de abastecimento (produzir e consumir localmente), e por planear, colocando na equação a “bomba relógio” da não renovação de infraestruturas hidráulicas que começam a atingir o seu tempo de vida. Fala-se cada vez mais em reaproveitamento, que em Portugal ainda não é muito comum. O que falta fazer para que consigamos regenerar e reutilizar toda a água? JC: O contexto atual torna necessária uma mudança de mentalidade em relação ao uso da água, que deverá ser uma prioridade e uma aposta assertiva dos diferentes decisores e intervenientes. Vamos continuar a utilizar água potável para fins não potáveis? A regar com a mesma água que bebemos? A ter autoclismos alimentados por água potável? A lavar as ruas com a mesma água que abastece as nossas casas? Nas redes prediais, a aposta poderá passar por sistemas de aproveitamento de águas pluviais e cinzentas, através da recolha diferenciada, tratamento e reutilização de águas residuais cinzentas, e da retenção e aproveitamento de águas pluviais. Estas soluções de controlo na origem possibilitam a redução de volumes afluentes às redes de drenagem e aos sistemas de tratamento de águas residuais, com ganhos energéticos e de processo (por exemplo, regentes). Nas redes públicas, a utilização de águas residuais tratadas e o aproveitamento de águas pluviais, promovendo uma lógica circular e de combate a ineficiências energéticas, são apostas em “novas origens” que se enquadram na mensagem “viver com outra água”. A reutilização de água para lavagem de arruamentos/equipamentos, para regas e para alimentar redes diferenciadas de água não potável são caminhos a percorrer. A tecnologia pode ter um papel importante numa gestão mais eficaz dos recursos disponíveis. Quais os desafios que enfrenta Portugal neste campo? JC: A gestão musculada dos serviços de águas, em particular do abastecimento público, deverá incorporar uma visão holística e integrada, que atenda aos desafios de eficácia, de eficiência hídrica e energética, de robustez e de segurança. A tecnologia é crucial para facultar as ferramentas necessárias para o desenho e operacionalização de medidas. As medidas a implementar necessitam de suporte técnico, de investimento na reabilitação e reforço de infraestruturas, da aposta em inovação e tecnologia, e do envolvimento e compromisso de todos: instituições, entidades gestoras de serviços de águas e consumidores. Em relação a novos desafios, posso destacar o caso específico da produção de energia nos sistemas de abastecimento de água (hidrogeração). Materializada pela instalação de microturbinas nas condutas de água, esta solução possibilita a recuperação dos desníveis energéticos em sistemas de abastecimento de água para produção de “energia elétrica limpa”, sem consumo de recursos e utilizando um sistema produtor onde parte das componentes já se encontram instaladas. Necessita-se apenas de as adaptar para a produção de eletricidade, sem prejudicar a sua função principal (transporte de água), que continua assegurada. Que novidades tecnológicas têm influenciado a gestão das águas residuais? JC: Na gestão das águas residuais, em particular nos sistemas construídos e em constante envelhecimento, destaco tecnologias associadas à monitorização (caudais, volumes, qualidade da água, precipitação), ao controlo (afluências indevidas, descargas não programadas) e ao tratamento de dados, bem como as evoluções tecnológicas associadas às inovadoras análises preditivas. Da perspetiva das “novas” soluções circulares, refiro as tecnologias associadas a soluções de controlo na origem (reutilização de águas cinzentas e aproveitamento de águas pluviais nas redes prediais), ao processo de tratamento (por exemplo, MBR), à valorização de lamas, e à produção de energia nos sistemas de drenagem e nas ETAR. A Inteligência Artificial (IA) está a trazer novos desafios, mas também muitas possibilidades e soluções. De que forma julga que a IA pode influenciar nesta gestão? JC: A gestão otimizada de infraestruturas hidráulicas e o incremento da eficiência hídrica e energética encontram-se particularmente relacionados com a informação. A evolução tecnológica dos sistemas de monitorização e controlo das infraestruturas (redes, equipamentos, elementos acessórios) tem inerente uma elevada quantidade de dados (big data), gerados de forma automática e contínua. A Inteligência Artificial poderá ter um papel importante no tratamento de dados e na sua conversão em informação útil à tomada de decisão, tornando-a menos reativa e mais sustentada. A implementação de procedimentos padronizados para antecipar/detetar eventos que perturbem o normal funcionamento dos sistemas, recorrendo a IA poderá tornar os sistemas mais robustos e seguros. Olhemos para a forma como a água é encarada a nível dos mercados. Como vê a negociação da água como commodity, com cotação em bolsa? JC: A água, essencial à vida e “o princípio de todas as coisas”, tem um valor económico – permitindo o desenvolvimento de diversas atividades económicas (por exemplo, agricultura, produção de energia, indústria e turismo), ambiental – assegurando a existência dos ecossistemas, e social – sendo fundamental para as pessoas, para a saúde pública e para a igualdade. Por isso, a sua gestão deverá ser criteriosa e pautar-se por metas de eficiência exigentes e ambiciosas. Quando estamos longe de “garantir a disponibilidade e a gestão sustentável da água potável e do saneamento para todos” (Objetivo do Desenvolvimento Sustentável da ONU), penso que a perspetiva de um mundo cooperativo deve procurar responder a questões relacionadas com a universalidade, com a acessibilidade e com a igualdade no acesso a água segura. Quão distantes estão as mulheres e crianças que gastam horas do seu dia para ter acesso à água (muitas vezes sem qualidade)? Esta e outras questões colocam a discussão mais no plano do “direito à água” e menos no da “negociação da água”. A Associação Portuguesa de Recursos Hídricos (APRH) funciona como uma plataforma científica e técnica para muitos profissionais do setor dos recursos hídricos. Fale-nos um pouco dos seus objetivos e das atividades que desenvolve. JC: A Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos é uma associação científica e técnica, sem fins lucrativos, que conta com mais de 45 anos de história. Ao longo dos anos, a APRH tem sido um ponto de encontro para profissionais de diversas formações e campos de atividade, procurando estar próxima da sociedade civil, contribuir para disseminação de conhecimento e apoiar a gestão dos Recursos Hídricos. Os objetivos estatutários da APRH são: • A promoção do progresso do conhecimento e a discussão dos problemas relativos aos recursos hídricos nos domínios do planeamento, da gestão, do desenvolvimento, da administração, da ciência, da tecnologia, da investigação e do ensino; • A dinamização e o apoio a iniciativas que contribuam para a cooperação e para o diálogo entre os diferentes intervenientes, com vista à resolução dos problemas existentes no domínio dos recursos hídricos; • A participação em ações de divulgação dos princípios fundamentais de uma política adequada à gestão dos recursos hídricos; • A colaboração com associações congéneres e a dinamização da participação portuguesa em programas internacionais, no domínio dos recursos hídricos com interesse para o país. Enquanto plataforma de profissionais e de conhecimento, têm certamente uma palavra a dizer sobre as atuais políticas para o setor. Que medidas regulamentares ou legislativas advogam? JC: Os objetivos estatutários da APRH evidenciam a mobilização da associação para contribuir para disseminação de conhecimento e para apoiar a gestão dos Recursos Hídricos, nas diversas dimensões (sociais, ambientais e económicas) da governança da água, segundo uma abordagem holística e integrada. Portugal, Estado-Membro da União Europeia, dispõe de legislação, regulamentação e planos estratégicos robustos. Abordando o exemplo do Plano Nacional de Uso Eficiente da Água (PNUEA), este inclui um conjunto de medidas estruturadas para diferentes cenários de escassez hídrica, que permitem preparar uma resposta em contexto de seca. Destacaria a necessidade de operacionalizar o plano, traduzindo-o em medidas práticas e de implementação eficaz na redução dos consumos de água e no combate às perdas/ineficiências. Certamente que as vossas propostas congregam o pensamento de quem representam. Quem são e qual o perfil dos vossos associados? JC: A APRH é uma associação científica e técnica cuja atuação se pauta pelo rigor, pela independência, pela diversidade de pensamento e pela pluralidade dos seus associados individuais (profissionais de diversas formações e campos de atividade) e coletivos (instituições, empresas, institutos, câmaras municipais). Quais são as principais preocupações dos vossos associados que gostaria de realçar? JC: A APRH procura estar próxima dos seus associados e, envolvendo-os, contribuir de forma construtiva para a gestão dos recursos hídricos. Neste contexto, poderá desempenhar um importante papel na discussão dos desafios globais (adaptação climática, escassez de água, acesso a água segura), na promoção de ações relacionadas com a gestão do ambiente e dos recursos hídricos, e na reflexão segundo uma lógica integrada e circular. A APRH vai estar presente na ENERH2O 2023, em setembro. Como será a vossa participação? JC: A APRH terá o gosto de estar presente na ENERH2O 2023, promovendo uma sessão intitulada “Água: que futuro?”, com um keynote speaker e uma mesa-redonda com diversos oradores convidados. Nesta sessão, pretende-se debater diversos temas relacionados com o futuro da Água, nomeadamente adaptação climática, resposta a eventos extremos, gestão da escassez de água, inovação, desenvolvimento e tecnologia na gestão dos recursos hídricos. A associação terá ainda um espaço (stand) onde será possível conhecer os seus projetos, estabelecer contactos e explorar sinergias. De que forma eventos como a ENERH2O são necessários e podem contribuir para o setor? JC: A capacitação do setor da água, através da realização de eventos como a ENERH2O, contribuem para a divulgação de informação, para a reflexão e para a discussão sobre os assuntos de atualidade nos diferentes domínios da água, contribuindo ativamente para promoção do conhecimento técnico-científico e para a aproximação dos diferentes stakeholders.

N O T Í C I A S   N A C I O N A I S

nacionais
Grupo Águas de Portugal

José Furtado, presidente do Grupo Águas de Portugal, sublinha a urgência de soluções que garantam a sustentabilidade a longo prazo. Porque “a água que temos disponível para todos os usos é só uma”, defende uma mudança nos hábitos de consumo deste recurso.

O Fundo Ambiental do Ministério do Ambiente e da Ação Climática já executou 122,6 milhões de euros do total de 135 milhões previstos no Plano de Recuperação e Resiliência para o Programa de Apoio aos Edifícios +Sustentáveis de âmbito residencial. 

 Fundo Ambiental do Ministério do Ambiente e da Ação Climática
publicação técnico-profissional

Entre janeiro e dezembro de 2022, Portugal gerou 78% de energias renováveis e 18,6% de energias fósseis. Nas energias renováveis, o setor hídrico é responsável por 40% do total, a eólica por 31% e o gás natural por 14%. 

Em 2021, registaram-se 237 milhões de metros cúbicos de perdas de água, o equivalente a um prejuízo económico de 347 milhões de euros. Segundo a Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável, estes valores comprometem a sustentabilidade dos serviços.

novidades e eventos sobre Engenharia e Gestão do Ambiente
jornal-economico.jpg

O país conseguiu reduzir em 35% as emissões de gases com efeito de estufa (GEE), acima da diminuição alcançada pela União Europeia de 24%, segundo revelam dados da Pordata, divulgados por ocasião do Dia Mundial do Ambiente.

O Governo pretende criar uma estrutura para supervisionar o cumprimento das metas do Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC2030), que permita “acelerar a concretização dos projetos” de energias limpas em Portugal.

publico.jpg
1824311.jpg

O grupo de trabalho das eólicas offshore propõem que, numa primeira fase, seja
disponibilizada uma capacidade de 3,5 Gigawats em Viana do Castelo, Leixões e Figueira da
Foz. O Governo tenciona produzir 10 GW de eletricidade nesta modalidade até 2030.

Portugal conseguiu reduzir o seu consumo de gás natural em quase 17%, o equivalente a 815
milhões de metros cúbicos, entre agosto de 2022 e maio último. A poupança significa que o
país já conseguiu superar em 21,3% a meta de 15% de redução estabelecida até ao final de
2023.

img_900x560$2018_06_26_19_40_00_334014 (1).jpg
1822234.jpg

A quantidade de água armazenada desceu em junho, em oito bacias hidrográficas e subiu em
quatro. De 57 albufeiras monitorizadas, 23 apresentam disponibilidades hídricas superiores a 80% do volume total e 10 têm disponibilidades inferiores a 40%.

O ISQ – Centro de Interface e Tecnologia estabeleceu uma parceria com a King Abdullah
University of Science and Technology, da Arábia Saudita, para troca de conhecimentos e
desenvolvimento de soluções com vista à promoção da dessalinização em Portugal.

image.jpg
JEXHTZ6XUJKQFG4TAL5S7VAVVE.jpg

Em janeiro o Laboratório Nacional de Energia e Geologia indicava que 12% de Portugal Continental seria indicado para receber áreas preferenciais de energia solar e eólica. Novo mapeamento encolheu essas áreas para 3%

O Autoconsumo Coletivo (ACC) e as Comunidades de Energia Renovável (CER) estão a gerar cada vez mais interesse em Portugal. Contudo, o desafio está agora na democratização do acesso às CER, numa população ainda caraterizada pela iliteracia energética. 

manny-becerra-VgF9kogcU1U-unsplash.jpg
JEXHTZ6XUJKQFG4TAL5S7VAVVE.jpg

O Pacto para a Gestão da Água, plataforma de colaboração onde estão representadas várias indústrias, entidades gestoras e reguladoras e academia, vai estudar o valor económico da água em Portugal, com foco na escassez e nas políticas públicas. 

N O T Í C I A S   I N T E R N A C I O N A I S 

internacionais

As energias renováveis abasteceram 72% do consumo de eletricidade em Portugal, no primeiro trimestre do ano, enquanto 19% proveio do gás natural e 9% da importação. Das renováveis, a produção hidroelétrica representou a maior fatia com 34%. 

SWI swissinfo.ch es el servicio internacional en línea de la Sociedad Suiza de Radiodifusión (SRG).
Noticias de última hora sobre la actualidad en España y el mundo: política, economía, deportes, cultura, sociedad, tecnología, gente, opinión, viajes, moda, ..

O Governo português apresentou um conjunto de alterações às normas de supervisão ambiental, para agilizar o desenvolvimento de investimentos na área das renováveis. O objetivo é conseguir que 80% da produção energética seja proveniente de fontes renováveis até 2026.

A Iberdrola recebeu autorização para a implementação de um projeto fotovoltaico de 1.200 megawatts de potência, que será o maior da Europa e o quinto a nível mundial. A nova central a construir em Santiago do Cacém vai cobrir as necessidades energéticas de 430 mil lares. 

Noticias de última hora sobre la actualidad en España y el mundo: política, economía, deportes, cultura, sociedad, tecnología, gente, opinión, viajes, moda, ..
La experiencia de lectura del diario impreso

Um consórcio hispano-irlandês está a projetar o primeiro parque eólico marítimo compartilhado pelos municípios de A Guarda (Galiza) e Viana do Castelo (Portugal). O investimento de 4 mil milhões de euros terá uma potência instalada de cerca de 2 gigawatts. 

O desenvolvimento do hidrogénio e da energia eólica offshore vai diminuir a dependência energética de Portugal, segundo Duarte Cordeiro, Ministro do Ambiente e da Ação Climática. Os 70% de autonomia energética alcançada pelo país acontece sobretudo no outono e no inverno. 

EURACTIV is an independent pan-European media network specialised in EU affair
energy news

O consórcio IberBlue Wind vai investir mais de 4 mil milhões de euros para criar uma capacidade combinada de 1,96 gigawatts em dois parques eólicos offshore. Com 109 turbinas e uma área de 530 quilómetros quadrados, estes parques vão poder abastecer mais de um milhão de lares.

Espanha e Portugal juntaram-se para solicitar a Bruxelas a adoção de medidas para fazer frente aos efeitos da seca na agricultura europeia. Os dois países pedem a ativação urgente do fundo de reserva de crise da Política Agrícola Comum e o aumento do adiantamento de ajudas.

mercacei.jpg
maldito.jpg

A NASA divulgou imagens que revelam as consequências da seca em Espanha e Portugal, tal como são vistas do espaço. Nas imagens, o verde de há um ano, no sul da península, dá lugar agora ao castanho, com a vegetação a evidenciar anomalias.

A posição geográfica e os seus objetivos ambiciosos de transição energética, que incluem a meta de gerar 80% da energia do país por via das renováveis, em 2026, e de atingir a
neutralidade carbónica em 2050, fazem de Portugal um mercado-chave para a indústria de
eólicas offshore.

texto-portugal-esp.jpg
JEXHTZ6XUJKQFG4TAL5S7VAVVE.jpg

Portugal mais que duplicou os seus objetivos para 2030, em termos de capacidade instalada
de energia solar e eletrolisadores para produção de hidrogénio verde, ao pretender desativar
as centrais elétricas alimentadas a gás natural até 2040 e chegar à neutralidade carbónica até
2045.

Um projeto cofinanciado pela União Europeia (UE) transformou uma central hidroelétrica na
Madeira num sistema reversível, que permite aproveitar a capacidade energética, garantindo
maior disponibilidade de água. Com o projeto, o uso de energias renováveis na ilha chega a
33%.

Madeira_Satellite.png
Hydrogen-fuel-Portugal-Flag-Gas-Grid-1140x641.jpg

A REN – Redes Energéticas Nacionais já começou a adaptar a sua rede de gás natural de alta
pressão existente no país, para conseguir transportar uma mistura de 10% de combustível de hidrogénio e de gás natural.

Espanha enviou a Portugal mais do dobro da quantidade de água do Tejo estipulada no Convénio de Albufeira, assinado em 1998. O governo espanhol quer diminuir o Transvase do Tejo-Segura em 100 hectómetros anuais, o equivalente a 1,5% da água enviada a cada ano.  

gota.jpg
eol.jpg

Em 2020, ano em que foi construído o parque eólico marítimo de Viana do Castelo, registou-se uma redução de 15,1% nas capturas de pescado na região. Contudo, segundo um documento, essa diminuição é similar à registada em todo o território de Portugal continental. 

O Ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, anunciou que Portugal iniciou o processo de denúncia para a saída do Tratado da Carta da Energia, em linha com uma proposta da Comissão Europeia. A proposta de resolução que materializa a saída encontra-se agora em procedimento legislativo. 

Duarte-Cordeiro-800x450.jpg
bottom of page